Faz quase 10 anos que um cachorro entrou no cemitério da Saudade para acompanhar o sepultamento da dona e nunca mais foi embora. Desde então, ele acompanha todos os sepultamentos feitos no cemitério municipal de Taboão da Serra.
O cãozinho acabou sendo adotado pelos funcionários do lugar e recebeu o nome de Bob Coveiro e passa os dias com ar solene, indo e vindo dos enterros, como se compreendesse que o cemitério é lugar do último adeus aos entes queridos.
A vida, o amor e a lealdade do cachorro foram retratados no capítulo do livro o Bem e o Mal em dois pulos, escrito pelo funcionário do cemitério, Joselito Silva.
“Ele veio no enterro da dona e nunca mais foi embora. Ele vai em todos os sepultamentos, acompanha, volta e espera o próximo sepultamento. Quando a dona dele morreu e ele começou a morar aqui, o restante da família dela tentou levar ele embora, mas ele não se acostumou mais na casa e acabou vindo viver aqui no cemitério”, conta Joselito Silva.
O cachorro de pelo caramelo e olhos castanhos muitas vezes é tema de conversa entre quem foi levar à morada definitiva entes queridos, amigos ou pessoas conhecidas.
A beleza dos olhos de Bob contrasta com a resignação de quem parece jamais ter esquecido que uma pessoa amada foi sepultada ali.
“Ele sabe que aqui é um lugar de despedida e mostra respeito por isso. Acho que até hoje ele lembra da dona e por isso acompanha os sepultamentos, o preparo dos corpos, exumação e tudo”, relata outro funcionário.
Todo mundo que trabalha no cemitério municipal da Saudade conhece a história de Bob. Alguns funcionários são mais apegados ao amigo de quatro patas que os ajuda a enfrentar a dureza dos dias e triste missão de cavar sepulturas. Bob Coveiro mora literalmente na entrada do cemitério. Ganhou casa, um pequeno jardim e todos os dias é carinhosamente alimentado pelos funcionários.
Um dos que mais gosta e cuida do cachorro é o coveiro mais antigo do cemitério, conhecido como Boca. “A gente cuida dele. Alimenta, leva manda para o pet shop e compra as bolinhas que ele gosta de usar para brincar. Nós pedimos doações das pessoas porque nem sempre temos dinheiro”, conta um funcionário que ajuda e recolhe doações para o Bob.
É quase impossível não sorrir vendo o Bob correndo atrás dos brinquedos improvisados que os funcionários do cemitério jogam para ver o cachorro correr em disparada para recolher e entregar na mão de quem inicia a brincadeira. “O Bob aqui tem livre acesso. Ele alegra nossos dias. É um bom amigo”, conta Maria Neves Viera, a Neuzinha, diretora do Cemitério.
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